quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Hoje o samba saiu, procurando você

Moça, do bando da Lua,
 Chega em casa, poem fogo na brasa e vai pra rua.

 Sexta, 19 de Fevereiro de 1993 



     Sexta á noite e estou zonza de tão cansada. A minha semana foi a mesma loucura de sempre: escola, Ballet, Educação física (Handebol), piano e deveres de casa. Só consegui ficar com o Marco um único dia, durante quinze  minutos, na saída da aula, até porque       ele também faz Inglês e Caratê (muito sexy). Me deu vontade de rir porque Sexy é a nova palavra da Renata.       

   Agora tudo pra ela é sexy, principalmente o Henrique. Acredite ou não ela foi ao conservatório de novo,  atras do loirão. Encontramos ele já entrando no carro de um amigo, mas os dois se cumprimentaram, trocaram uns olhares e ela ficou toda feliz.  
      A noite a Luana ligou pra combinar o Carnaval. A luana é a minha amiga mais bonita. Ela é tão linda que as vezes eu ficava sem vontade de sair com ela, porque todos os garotos só olhavam pra ela, mas felizmente já superei isso. Na verdade eu sinto muita falta dela, porque ela mora longe e porque desde que começou a namorar o Andre, um garoto do 2º ano, a gente quase não tem tempo de conversar. Mas a boa noticia e que amanhã vamos nos encontrar no baile.

Estranhando a novidade? Apesar do inusitado da notícia é isso mesmo. Amanhã eu vou á um baile de Carnaval! Ou melhor, ao meu primeiro baile de Carnaval no Jockey Club, com a Renata e a família dela. Foi uma semana de negociações acirradas aqui em casa, meus pais não queriam deixar de jeito nenhum e minha mãe chegou a ir na casa da Renata conversar com a Ângela e o Otávo, (queria sumir) mas no final deu tudo certo é até a  Sisa, que tem uma mãe mais chata que a minha, vai também        


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ela só quer, só pensa em namorar

                                Terça, 16 de Fevereiro de 1993
   
 Hoje tive aula teórica de piano. Chato!
    Nas aulas praticas estou com uma partitura super difícil do Béla Bartók, mas a minha professora, a Dora é ótima, ela também me deu aula o ano passado e é super paciente e educada. Mas o melhor de tudo é que assim que sai da aula dei de cara com a Renata. Acredita que ela foi mesmo ao conservatório só pra ver o Henrique e o pior com uma mini-blusa.
Como eu não sabia se ele estava tendo aula pratica ou teórica tive de acampar com ela na sala onde ouvi ele tocando e depois andar meio conservatório atrás do menino. O que não adiantou nada porque ele não foi à aula, já eu que não faço a menor questão sempre esbarro com a 
criatura no corredor. 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

É! Proibido Proibir


Domingo, 14 de Fevereiro de 1993

Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estátuas, as estantes
As vidraças, louças
Livros, sim...
E eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo: É!

Proibido proibir

Caetano
     Diário, ontem à tarde o Marco ligou chamando pra ir ao boliche, eu fiquei de ver e ligar pra ele de volta, só que os meus pais responderam que eu nem devia ter pedido e que, agora que as aulas recomeçaram, não vou ficar saindo à noite todo final de semana. Como assim? Eu quase nunca saio à noite, o que eu faço é sair de dia e chegar, no máximo, umas nove horas em casa, horário de criança de dez anos. Fiquei indignada, nós discutimos muito, mas como sempre não deu em nada, eles nunca me escutam, nem ligam pro que eu sinto, só querem mandar e me controlar, acho que se eu ficasse o tempo todo em casa pra eles seria perfeito.
O pior foi ligar pro Marco, quase morri de vergonha, não tive coragem de dizer a verdade e menti que ia precisar sair com meus pais. A única coisa boa é que ele pareceu triste no telefone, disse que eu queria que eu fosse, eu também queria muito, mais  do que tudo, dormi chorando.

Hoje não fiz nada divertido. Passei a manhã no quarto vendo TV, almocei e fui na Renata. Só de birra fiquei lá até as dez, quando cheguei a minha mãe perguntou se o menino que sempre me liga é meu namorado (tentei não engasgar, mas fiquei super nervosa), sabia que ela estava falando do Marco, já que está cansada de conhecer o Jaques e o Mun-há, e tive de mentir feio. Respondi que não tinha nada haver, que o Marco é só meu amigo, mas acho que ela ainda está desconfiada. 
Não quero que ela saiba que nós estamos ficando. Meu pai sempre disse que eu poderia namorar com quinze anos, eu já tenho quinze, mas o Marco não é meu namorado e meus pais não gostam nada dessa coisa de ficar. Alem disso, se eles já me prendem sem eu estar namorando, imagina com um namorado? Acho que eu não ia poder por o pé na rua.
Eu queria namorar com o Marco, mas não ia trazer ele aqui tão cedo, imagina a cena: meu pai e minha mãe sentados em um sofá e o Marco e eu em outro, sem saber o que dizer, ia querer me jogar pela janela de tanta vergonha, não ia dar certo.






quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Dance, Dance, Dance

Quarta, 10 de Fevereiro de 1993

         Hoje de manhã fiquei com o Marco depois da aula. Na minha escola é proibido namorar, é a maior vigilância, e mesmo se pudesse meu pai já trabalhou lá, os diretores são amigos dele, e ele ia saber no mesmo dia. Ainda bem que, milagrosamente, a nossa aula terminou um horário mais cedo e nos fomos pra praça do Correio. Foi tão bom e tranquilo, o Marco ficou um tempão com a cabeça deitada no meu colo, enquanto eu fazia carinho no cabelo dele, fiquei feliz o resto do dia.
  A tarde fui pro ballet. Já está no mural a peça que nos vamos dançar esse semestre: A Suíte Quebra Nozes, do Tchaikovsky e eu peguei o xerox pra ler sobre a obra. Todos os anos as professoras da minha academia montam uma apresentação, para o público, em Julho e outra em Dezembro, elas dividem os atos entre o pessoal do ballet clássico, nós do Ballet moderno, o Jazz e o sapateado. É bem legal e também um trabalho insano.

Volta as Aulas



Segunda, 08 de Fevereiro de 1993

      Volta as aulas, bom mesmo é só rever o pessoal da escola. Não sai na sala do Marco, fiquei na 8ª B. Estou um ano atrasada porque tive uma doença séria nos pulmões na sexta série e fiquei tanto tempo no hospital que perdi o ano.
      Lembrar que eu tive de repetir de série e ver a cara das pessoas, quando elas descobrem que eu sou repetente, sempre me deixa muito chateada (aquela expressão que diz: shi essa aí é burrinha), mas agora pelo menos eu posso me consolar com a idéia que se não fosse por isso eu não teria conhecido o Marco (ele repetiu a sétima serie de pura malandragem).
     Fiquei triste de não sair na sala dele, mas vou estudar com a Luciana, a Fabiana, o Jaques e a Marcela, o que já é legal. Os horários é que não foram muito legais, tive duas aulas com a Bete e duas com a Marlene, respectivamente, as professoras de português e Matemática mais carrascas que você possa imaginar, ainda bem que pra compensar o último horário foi com o Dalton, meu professor gatinho de inglês.
     A tarde fui pra academia e depois pro Handebol. Voltei a ser a garota louca que sai correndo do Ballet, de saiote e tênis, pra chegar a tempo de levar um monte de boladas, (sou de novo a goleira da sala, provavelmente por falta de candidatas...) esquizofrenia? Masoquismos? Indícios de dupla personalidade? Pode ser, mas eu adoro.
     A noite a Renata ligou pedindo pra que eu fosse lá, ela está triste por que descobriu que o Alessandro deixou de ir a Concha Acústica pra sair com uma menina que é uma baranga. O problema é que ela nunca vai admitir que está sofrendo, ao contrário de mim, a Renata faz piada de tudo e vive escondendo o que realmente sente.  
     Ela disse que agora vai investir no Henrique e que vai ao Conservatório, me visitar, pra poder ver ele. Ok, mesmo achando que ela merece coisa melhor, não dá pra negar que o Henrique é bonito e se ela ficar feliz eu também fico. 

As cobras que se mordam



As pessoas tendem a colocar palavras onde faltam idéias.
Goethe                   Domingo, 07 de Fevereiro de 1993


Hoje tive um almoço horrível, não pela comida, mas pelas companhias.

     Fomos almoçar com a Alzira, o Macedo e a Lisandra, eles estavam passando as férias em Salvador e chegaram essa semana. Fui obrigada porque não suporto olhar pra cara da Lisandra e nem da mãe dela. É uma longa história, mas por enquanto você só precisa saber que elas, com certeza, estão entre as pessoas mais falsas da face da terra.
  Depois da sessão de tortura fiquei no meu quarto ouvindo música e no final da tarde fui ao cinema com meus pais. Assistimos O Silêncio do Lago, um filme de suspense muito bom, daqueles que te faz prender a respiração. Gosto de sair com os dois, nós somos apaixonados por cinema e sempre que dá vamos ver algum filme, minha mãe prefere histórias de suspense e terror, meu pai quanto mais tiro e sangue melhor, já eu gosto daqueles filmes lentos que fazem pensar (que os dois detestam) e claro romance, muito romance.
    Mudando totalmente de assunto, ontem vi uma galera fumando maconha, deu pra sentir o cheiro de longe, é muito forte. Não acho drogas uma coisa legal. Detesto a ideia de perder o controle e fazer coisas de que vou me envergonhar depois. Já me disseram, e já li um monte opiniões sobre a maconha, que ela é a porta de entrada pra se viciar em coisas mais fortes e que é só uma erva natural que a pessoa pode usar sem se viciar. Não sei direito a que conclusão chegar, mas sei que pra mim não serve, prefiro uma maneira mais saudável de me divertir e me sentir bem.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

"Come as you are, as you were, as I want you to be"

Sábado, 06 de Fevereiro de 1993

    Penúltimo dia de Férias, tudo que é bom acaba logo. Hoje a tarde fui pra Concha Acústica com a Bel e a Renata. Como sempre  foi uma luta... primeiro os meus pais não queriam deixar porque era um encontro de bandas de rock, me arrependi de ter falado a verdade, e depois não tinha quem levasse. Por fim, a Rebeca levou a gente, mas foi reclamando o tempo todo, brigando com a Renata e disse pra gente arrumar alguém pra nos buscar por que ela não ia. Foi muito chato, ficamos morrendo de vergonha.
 
    
    Assim que chegamos demos de cara com o Mun-há e o Jaques e quando a primeira banda estava terminando, encontramos com o Marco, o Teo e o Paulo. Foi legal porque ficou a maior galera bagunçando, já as bandas eu gostei de três. Gosto de rock, mas não sou como os meninos que curtem qualquer coisa que faça barulho, gostei das bandas que tocaram Metálica, Led Zeppeling, Ramones, Pink Floyd e principalmente uma que tocou Nirvana, adoro as letras das músicas deles, são raivosas, irônicas e ao mesmo tempo melancólicas e desesperançadas, é muito bom.
    Fiquei o show todo com o Marco e aconteceu uma coisa meio constrangedora: ele encontrou com uns amigos que eu não conhecia e um deles falou pro Marco apresentar a namorada. Ele me apresentou, mas não confirmou (e nem negou) que nos estávamos namorando, fiquei sem graça (no melhor modelo rabanete) e sem saber o que pensar.
     As dez horas o Teo se ofereceu pra trazer a gente (a Bel finalmente conseguiu o que queria e eles se beijaram) fiquei grilada, já que ele só tem dezessete anos, mas não falei nada porque não queria ser a chata e porque estava ficando tarde e se eu não chegasse logo em casa meu pai ia me matar. Se bem que se ele souber que vim pra casa com o menino que eu estou ficando e o primo dele, que dirige sem carteira, ele também me mata.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Corpo em movimento

Terça, 02  de Fevereiro de 1993

  Ontem fui ao trabalho da minha mãe, nós almoçamos e saímos pra comprar o meu material escolar, duas calças jeans, uma quase mini-saia (a direção da escola pega no pé com o tamanho das saias)  e as “lindas” blusas de uniforme.
    Depois as minhas aulas de Ballet recomeçaram e eu fui pra academia. 
    Os meus colegas e eu caímos na bobeira de dizer a nossa  professora que estávamos com saudade do Ballet e ela falou pra repetirmos isso no final da aula. 
Resultado: cinquenta minutos de alongamento e exercícios na barra e quarenta minutos praticando as cinco posições, básicas, do clássico e  variações (eu faço ballet moderno). Ainda bem que eu pratiquei nas férias, mas mesmo assim sai da academia exausta.
    Hoje a tarde fui pro conservatório recomeçar as minhas aulas de piano. Sempre quis estudar piano, e comecei o ano passado, só que aí meu pai perdeu o emprego e as coisas ficaram ruins aqui em casa, só continuei o Ballet porque é a minha avó quem paga. Meu pai ficou desorientado e a minha mãe teve de dar conta de todas as despesas, ela sempre ganhou mais e sei que ele sofre com isso, imagina então desempregado. Meu pai ficou mal-humorado, nervoso e brigava o tempo todo comigo, era um inferno, ainda bem que depois de quatro meses ele conseguiu esse trabalho no Objetivo e as coisas voltaram ao normal. Meu pai também estuda no Conservatório, faz violão a um bom tempo e toca muito bem, o sonho dele é trabalhar com música, tenho certeza que ele ainda vai conseguir.
    Mas voltando ao conservatório, hoje encontrei com o Henrique, tinha esquecido que ele também estuda lá. Estava no corredor esperando a aula começar quando ouvi alguém tocar “Vai Passar” do Chico, estava bonito e eu sentei nas escadas em frente à sala pra ouvir, só que de repente a música parou e ele abriu a porta. Levei o maior susto, mas parece que ele se assustou ainda mais, pois me olhou com uma cara de espanto, mas pelo menos me cumprimentou e perguntou se eu tinha visto o Mauricio, que deve ser o professor dele. Agora me diz se não é muito azar, além de encontrar esse menino todos os dias na escola (minhas aulas começam semana que vem, snif...), ainda vou ter de esbarrar com ele duas vezes por semana no conservatório. 
    Obs. Aula teórica é uma chatice, mas a professora parece ser legal.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

"Não se afobe não que nada é pra já"

Sábado, 30 de Janeiro de 1993

     A tarde fui com a Bel e a     Renata pra casa do Mun-há, estava o mesmo pessoal da última vez, inclusive o Marco, pra minha felicidade, e mais tarde chegaram o Andre e a Luana. Foi divertidíssimo, nós nadamos e jogamos vôlei na piscina, muito engraçado. Gosto de ver os meninos de sunga, o Marco é magro, mas não demais e tem um corpo bonito. É claro que não olho muito pra não dar bandeira e que como sempre fiquei morrendo de vergonha de usar biquíni perto dele, mas nós rimos e brincamos tanto que eu até esqueci.
     Depois pra variar os meninos ficaram grudados no vídeo game e as meninas tomando sol na piscina e a Luana me perguntou se estou namorando com o Marco. Respondi que não, mas que já ficamos uma porção de vezes e ela disse que com o Andre também começou assim e que eles acabaram namorando. Gostaria muito que isso acontecesse com a gente, mas só posso esperar pra ver e claro: aproveitar todos os momentos ao lado dele.

"Não se afobe, não. Que nada é pra Já. O amor não tem pressa, ele pode esperar em silêncio..." (Chico Buarque)
Domingo, 31 de Janeiro de 1993

      De manhã fui ao clube com a minha mãe e a Juliana e a Andreia (minhas vizinhas) estavam lá. A Renata e a Bel chegaram, mais ou menos uma hora depois, e nos fomos na sauna e depois nadar.
     A Ju nunca fica com a gente na piscina, o problema é que ela é bem gordinha e morre de vergonha de usar biquíni. Eu também me acho gordinha (apesar das minhas amigas dizerem que é piração da minha cabeça), ainda mais quando fico um mês sem dançar, me sinto uma baleia, mas sei que o caso da Ju é muito mais sério. Por estar acima do peso ela não tem coragem de olhar pros meninos e nunca paquerou ninguém, ela vive de regime, mas não consegue emagrecer nada, queria poder ajudar, a Ju é muito legal, mas não sei como...
     A tarde fui patinar na praça com as meninas, depois a Renata sai com o Alessandro e a Sisa e a Bel vieram aqui pra casa. Ficamos até a noite conversando, a Sisa disse que está apaixonada pelo Paulo, mas como todo mês ela se apaixona por um menino diferente a gente não leva mais a sério, e a Bel estava indignada porque ontem deu mole pro Teo o dia todo e ele não fez nada. Ah, ela também falou que ontem na hora que eu estava saindo do Mun-há com o Marco, o Henrique não tirava os olhos de mim.
     Ela só pode estar ficando louca, o Henrique não dá a mínima pra mim e nem eu pra ele, o que pra mim está ótimo, até porque cada vez que encontro esse garoto acho ele ainda mais chato, metido e arrogante. Pedi pra Bel parar com isso porque a Renata vai ficar chateada, não entendo como ela quer ficar com um menino assim, ela merece coisa melhor.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O Homem Nu


Sexta, 29 de Janeiro de 1993

     Diário, não fiz nada demais essa semana, só fiquei em casa me alongando e lendo muito. Ontem terminei o livro, ele acaba de um jeito triste, mas também com uma mensagem de coragem, liberdade e esperança muito forte. Simplesmente maravilhoso!
   Ontem nós queríamos ir patinar, mas estava todo mundo sem dinheiro... e hoje fui com as meninas na Renata ver Tomates Verdes Fritos, as meninas ainda não tinham assistido e foi a maior choradeira, eu já tinha visto, mas chorei de novo, este é definitivamente um dos meus filmes favoritos! Nós estávamos indo embora, quando o irmão da Renata chegou e na hora eu fiquei vermelha. Não consigo falar com ele sem ficar muito sem graça (ele até comentou com a Renata que sou a amiga mais tímida dela), mas o que ele não sabe e não pode saber nunca é o que a gente fez o ano passado.
      O Rogério tem vinte anos e é muito, muito gato, ele é alto, tem um corpo bonito, uma carinha linda e a gente sempre babou por ele, aí em Novembro nós estávamos no quarto da Renata ouvindo música, quando ele chegou da faculdade e veio falar com a gente. Assim que ele saiu, ouvimos o barulho do chuveiro e a Renata perguntou se já tínhamos visto um homem nu, ela contou que já espionou o irmão tomando banho várias vezes e nos não resistimos e fomos espiar também.
     O banheiro do Rogério tem uma janela alta e estreita e nos subimos em escadinha de metal, com quatro degraus, primeiro foi a Bel, depois eu e por último a Sisa. Eu achei bonito o corpo dele, molhado, forte e bem branquinho. A palavra certa nem é bonito e sim fascinante, não conseguia parar de olhar as costas largas, a bunda, as pernas, mas achei estranho aquela coisa mole, balançando, olhar pro pênis dele me dava tanta vergonha que nem fiquei muito tempo, mas o pior foi a Sisa, assim que subiu, a tonta deu uma desequilibrada que eu fechei os olhos e comecei a rezar, ainda bem que ela se equilibrou, desceu rapidinho e ninguém viu nada. Se a Sisa tivesse caído e ele pegasse a gente eu nunca mais voltava na Renata, ou melhor: eu nunca mais saia de casa.
   Depois disso nos voltamos pro quarto da Renata e ficamos falando baixinho e rindo muito, a Sisa estava vermelha igual um pimentão e na hora de ir embora ninguém teve coragem de olhar direito pro menino. Mas tem outra coisa que eu só posso confessar pra você, depois desse dia eu passei semanas pensando no Rogério, imaginando como seria tocar aquela pele nua e perfeitamente branca... tive até um sonho que DEFINITIVAMENTE eu não vou comentar e que só de lembrar já me deixa morrendo de vergonha. Por isso é melhor que ele pense que eu sou ainda mais tímida do que eu sou de verdade.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Um corpo a corpo com o destino

Sábado, 23  de  Janeiro de 1993


"O JOGO  É UM CORPO A CORPO  COM O DESTINO"

     A noite fui ao boliche com o Marco, a Renata, o Jaques, o Teo, a Bel e o Paulo. Foi a maior negociação aqui em casa, meus pais queriam que eu voltasse as dez e meia os pais da Renata deixaram ela ficar até as onze. O que significava que a minha mãe ia me buscar, a última coisa que eu queria no mundo!     
     Tive de pedir, chorar, implorar pra me deixarem voltar com a Renata, mas eles disseram que não preciso pedir pra sair a noite tão cedo, sei que eles estão falando sério e por isso  tentei aproveitar ao máximo.
     O Strike, o lugar que a gente foi é  muito legal e além das pistas de boliche tem uma lanchonete meio futurista, adorei. Eu nunca tinha jogado e o Marco foi me ensinar, nós rimos muito e eu paguei uns micos enormes, mas fui melhorando aos poucos e até fiz um único e "fabuloso" strike. 
     Depois fomos comer e ficamos zoando das mancadas uns dos outros. Eu realmente adoro sair com o Marco, as coisas ao lado dele ficam melhores e mais divertidas. Não sei se ele senti o mesmo, mas espero que sim, afinal ele me chamou pra sair dois dias seguidos, então deve estar gostando...
     Pena que o pai da Renata foi pontual e as onze nos viramos abóbora, os meninos que não tinham de chegar cedo em casa iam jogar mais um tempo, fiquei com inveja deles. Nem vou entrar no assunto da desigualdade de tratamento entre meninos e meninas pra não azedar minha noite...
     No carro nós estávamos loucas pra conversar, mas não dava pra comentar nada perto do Olavo. Tudo bem amanhã a gente se vinga e fofoca tudo o que tem direito. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Vejo flores em você

    Sexta, 22 de Janeiro de 1993

   Hoje à tarde fui com o Marco ao shopping. Tive de dizer aqui em casa que ia com as minhas amigas e avisei a elas pra não darem sinal de vida. Quando cheguei no cinema ele já estava me esperando, tentei ficar calma, mas minhas mãos estavam geladas. Fiquei repetindo pra mim mesma relaxa, relaxa, mas eu simplesmente não conseguia ficar a vontade e tinha de me segurar pra não roer as unhas (uma mania horrorosa! Eu sei).
     Nós compramos as entradas com ele lindo e descontraído do meu lado e eu com as pernas duras e um sorriso amarelo incompreensível até mesmo pra mim, a rainha da timidez. Pra piorar, lógico que ele notou meu nervosismo e brincou que eu não precisava ficar emocionada perto dele (quis morrer de vergonha!). 
     O cinema estava quase vazio, mas só quando o filme começou, e ele pegou na minha mão, foi que eu me toquei que era a primeira vez que nos ficávamos sozinhos, sem ninguém por perto, e que ficar assim me deixava ainda mais  nervosa (o que eu não imaginei que fosse possível).
     Vimos um filme de terror (“romântico” não é mesmo?) daqueles que te deixa aflita e com os nervos à flor da pele e, aos poucos, eu fui me ligando na história e me acalmando. Sem falar que era bom ter alguém me abraçando,  segurando firme na minha mão, quando eu levava um susto, e me beijando até acabarem os créditos e as luzes se acenderem.
     Depois do filme fomos tomar sorvete. Muito sorvete. O Marco é uma das pessoas de quem eu mais gosto de estar perto, ele é charmoso, engraçado, inteligente, sem falar que do lado dele eu fico rindo feito boba e que as meninas estão na maior torcida pra gente namorar.
    Acho que ia ser bom namorar com ele, que a gente ia se  divertir muito juntos, mas não quero ficar sonhando com coisas que podem nunca acontecer... por hoje eu já fico feliz em descobrir uma coisa simples que eu sempre quis saber: Como uma garota se senti ao ir no cinema com o cara que ela gosta.