quinta-feira, 29 de novembro de 2012

É! Proibido Proibir


Domingo, 14 de Fevereiro de 1993

Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estátuas, as estantes
As vidraças, louças
Livros, sim...
E eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo: É!

Proibido proibir

Caetano
     Diário, ontem à tarde o Marco ligou chamando pra ir ao boliche, eu fiquei de ver e ligar pra ele de volta, só que os meus pais responderam que eu nem devia ter pedido e que, agora que as aulas recomeçaram, não vou ficar saindo à noite todo final de semana. Como assim? Eu quase nunca saio à noite, o que eu faço é sair de dia e chegar, no máximo, umas nove horas em casa, horário de criança de dez anos. Fiquei indignada, nós discutimos muito, mas como sempre não deu em nada, eles nunca me escutam, nem ligam pro que eu sinto, só querem mandar e me controlar, acho que se eu ficasse o tempo todo em casa pra eles seria perfeito.
O pior foi ligar pro Marco, quase morri de vergonha, não tive coragem de dizer a verdade e menti que ia precisar sair com meus pais. A única coisa boa é que ele pareceu triste no telefone, disse que eu queria que eu fosse, eu também queria muito, mais  do que tudo, dormi chorando.

Hoje não fiz nada divertido. Passei a manhã no quarto vendo TV, almocei e fui na Renata. Só de birra fiquei lá até as dez, quando cheguei a minha mãe perguntou se o menino que sempre me liga é meu namorado (tentei não engasgar, mas fiquei super nervosa), sabia que ela estava falando do Marco, já que está cansada de conhecer o Jaques e o Mun-há, e tive de mentir feio. Respondi que não tinha nada haver, que o Marco é só meu amigo, mas acho que ela ainda está desconfiada. 
Não quero que ela saiba que nós estamos ficando. Meu pai sempre disse que eu poderia namorar com quinze anos, eu já tenho quinze, mas o Marco não é meu namorado e meus pais não gostam nada dessa coisa de ficar. Alem disso, se eles já me prendem sem eu estar namorando, imagina com um namorado? Acho que eu não ia poder por o pé na rua.
Eu queria namorar com o Marco, mas não ia trazer ele aqui tão cedo, imagina a cena: meu pai e minha mãe sentados em um sofá e o Marco e eu em outro, sem saber o que dizer, ia querer me jogar pela janela de tanta vergonha, não ia dar certo.






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